Comum na vida moderna, a depressão é considerada uma doença que necessita de diagnóstico médico e tratamento adequado. De acordo com o Prof. Dr. Guilherme Messas, coordenador do curso de pós-graduação em Psicopatologia Fenomenológica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, entre os principais sintomas do problema estão: falta de energia, tristeza, desânimo, irritação, diminuição ou aumento de sono, redução da libido, e, nos casos mais graves, pensamentos suicidas e psicose.
“No Brasil, estima-se que de 10% a 15% da população sofre, sofreu ou sofrerá da doença. Biologicamente, até hoje, não se sabe o que é a depressão. O problema é um conjunto variado de diversos estados psicológicos e patológicos, que remetem a inúmeras situações”, explica.
De acordo com o Dr. Messas, a principal diferença entre a depressão e a tristeza é que esta última está relacionada a um momento ou a um fato da vida. Já a depressão surge desconectada de acontecimentos e, em geral, se manifesta bruscamente, ou seja, em algumas semanas o comportamento da pessoa muda completamente.
“A depressão deve ser diagnosticada por um psiquiatra, mas pode também estar relacionada a problemas orgânicos, como a tireoide. Além disso, outros fatores como o AVC (Acidente Vascular Cerebral), cirurgias, pós-operatórios e outras condições hormonais podem influenciar na doença”, afirma.
Um dos tratamentos consolidados no Brasil e no mundo para a depressão grave é a eletroconvulsoterapia. “É um procedimento realizado dentro de condições cirúrgicas. O paciente é anestesiado e recebe uma carga elétrica, induzindo-o a uma crise convulsiva. A repetição dessas crises melhora os casos mais graves, pois o processo provoca a mesma modificação no organismo que os antidepressivos promovem”, afirma o especialista.
O tratamento com antidepressivos tem como objetivo a elevação de neurotransmissores no cérebro. “Vale ficar atento que o índice de recaídas chega a 50%. Dessa forma, mesmo depois da melhora, é necessária a extensão do uso de antidepressivos de 6 meses a 2 anos. Quanto mais tempo sem recaídas, mais fácil curar”, diz.
Para o Dr. Messas, não se deve pensar em tratamentos exclusivos, mas sim, no conjunto de medidas, como o remédio e a psicoterapia. “Mais recentemente, há a tentativa de outros métodos terapêuticos para depressões menos graves como estimulações magnéticas transcranianas e estimulações elétricas, na qual, esta última, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo é pioneira. Esses tratamentos vêm mostrando resultados muito interessantes”, conclui.
Texto originalmente publicado no boletim Conectar, edição 35, em 25/2/2014.
Disponível em: http://www.fcmsantacasasp.edu.br/conectar/ed35/page3.html.